Uso da robótica no tratamento do câncer será discutido em evento internacional

Jornal do Brasil – Caderno Ciência e Tecnologia

 

RIO – Novos custos em saúde sempre geram polêmica – ou, no mínimo, levantam discussões, mesmo quando estão relacionados à aplicação de técnicas modernas da medicina. Com a cirurgia robótica, não é diferente, ainda que as vantagens sejam perceptíveis, tanto para os pacientes, quanto para os médicos. As novidades e benefícios da técnica em oncologia serão discutidos durante o I Simpósio Sul-Americano de Cancerologia, que acontece em Vitória (ES), de 5 a 7 de maio.

 

Segundo o coordenador do Centro de Cirurgia Torácica Minimamente Invasiva e Robótica do Hospital Israelita Albert Einstein, Ricardo Santos, um dos palestrantes, os custos com a cirurgia por robô são justificáveis. O procedimento permite incisões cirúrgicas menores, o que reduz o risco de infecções e a necessidade de transfusões sanguíneas. A recuperação do paciente é mais rápida, menos dolorosa e o tempo de internação é menor. Isso quer dizer que os custos com a internação hospitalar também são reduzidos.

 

“Observamos a situação no hospital Albert Einstein, onde mais de 500 cirurgias já foram realizadas e o impacto financeiro com a compra do aparelho há alguns anos já foi minimizado”, enfatiza Santos. Ele é responsável pela primeira cirurgia robótica do tórax em oncologia da América Latina. O médico passou 10 meses planejando o procedimento, depois de sete anos de especialização em robótica nos Estados Unidos.

 

Os casos de câncer são tratados, principalmente, com cirurgia e radioterapia, quando a doença é descoberta em estágio precoce. A cirurgia menos invasiva, do ponto de vista oncológico, é tão segura para as fases iniciais do câncer ou para retirada de tumores benignos, quanto a técnica tradicional. “A visualização do cirurgião através do robô supera em muito a cirurgia tradicional. É de alta definição e em 3D, o que dá ao médico uma melhor noção espacial. Além disso, os instrumentos utilizados filtram qualquer tremor e colaboram para uma destreza maior durante o procedimento”, afirma.
No Brasil existem apenas quatro unidades robóticas. Todas elas em São Paulo e nenhuma disponível pelo SUS. O país possui menos aparelhos que o Alasca, estado com menor densidade demográfica dos Estados Unidos. Algumas operadoras de saúde já estudam formas de cobertura da cirurgia, mas o Brasil ainda depende de insumos americanos e europeus para aplicar a técnica, o que encarece o procedimento.

 

O médico Ricardo Santos acredita que a rápida expansão da cirurgia robótica em outros países é um sinal de que é necessário investir nessa tecnologia. “Precisamos de um exercício constante para que tenhamos desenvolvimento tecnológico nacional suficiente na área médico cirúrgica. Assim, poderemos caminhar com as nossas próprias pernas”, defende ele.  “Quando a técnica é mais utilizada, o custo tende a ser diluído entre as especialidades que a utilizam”, analisa.

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