Folha de São Paulo: Médicos usam robô para operar câncer de pulmão

Folha.com Caderno Equilíbrio e Saúde

MARIANA PASTORE / COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Tumores pequenos no tórax já podem ser retirados em cirurgia menos invasiva, feita com o auxílio do robô Da Vinci.

 

Em vez de um corte de 15 cm no esterno (osso do peito) e nas costelas do paciente, como na cirurgia tradicional, o aparelho requer três incisões entre 2 cm e 3 cm.

 

O procedimento só é feito quando o tumor é localizado e diagnosticado precocemente. O nódulo não pode ter mais que 5 cm.

 

As primeiras cirurgias desse tipo na América Latina foram feitas no Hospital Israelita Albert Einstein por Ricardo Santos, coordenador do centro de cirurgia torácica minimamente invasiva.

 

A dona de casa Teresa Silva de Moraes, 71, foi submetida à técnica no dia 22 de novembro, para tirar um nódulo do tórax. “Tinha o tamanho de uma azeitona”, diz. A operação levou quatro horas. Dois dias depois, teve alta.

 

O mecânico de manutenção Celso Wille, 58, -que fumou por 40 anos e parou no dia da cirurgia- tirou um tumor do pulmão no mês passado. “Escolhi o método porque disseram que era menos dolorido que o tradicional.”

 

O robô leva vantagem no tempo de recuperação, nos índices mais baixos de infecção e no menor desconforto pós-operatório.”A alta é antecipada em quatro dias. Em até três semanas, a pessoa volta às atividades”, diz o cirurgião Ricardo Santos. Na operação convencional, a recuperação leva um mês.

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A técnica é mais indicada para câncer no pulmão, o que mais mata no mundo. Quando tumores são retirados em fase inicial, há mais de 80% de chance de cura.

 

O médico alerta para dados que ilustram a atual situação do câncer de pulmão no país. “Nove em cada 10 pacientes chegam ao consultório com a doença em estágio avançado.” Segundo ele, uma estatística de 2010 mostra que nos EUA são diagnosticados cerca de 215 mil casos de câncer de pulmão por ano, contra apenas 27 mil no Brasil.

 

“Como a prevalência de tabagismo é mais ou menos parecida nos dois países, é bem possível que exista uma grande quantidade de pacientes que não recebem diagnóstico de câncer de pulmão. Os sintomas são parecidos com os de outra doenças, como pneumonia e turbeculose. A única coisa que consegue definir com precisão é uma biópsia, informa Santos.

 

Menos de 10% dos pacientes são diagnosticados em fase inicial no país.

 

O presidente da comissão de cirurgia torácica da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, Fábio Jatene, ressalva que o método não é acessível à maioria. Além disso, diz que foram feitas poucas operações. “São necessárias mais experiências. O conceito de menor agressão tem condições de ser bem reconhecido no futuro, mas há muitas etapas pela frente.”

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